A
resiliência é um aspecto
psicológico, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico. No entanto, Job (2003), que estudou a resiliência em organizações, argumenta que a ela se trata de uma tomada de decisão quando alguém depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, em 2006 Barbosa propôs que se pode considerar a resiliência como uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades.
(in wikipedia:https://pt.wikipedia.org/wiki/Resili%C3%AAncia_%28psicologia%29)
Nós, aqui do Blog do Tear, resolvemos falar sobre esse assunto a partir de um sentimento que repercutiu em vários membros de nossa equipe depois de saber da notícia de que um grande representante de usuários de saúde mental dos Estados Unidos, que viria ao Brasil para fazer um projeto de intercâmbio com usuários de saúde mental do nosso país, não veio por razões que ainda não conhecemos. Alguns dos membros de nossa equipe, que tinham interesse em participar do projeto, relatam que entendem o que pode ter acontecido com o rapaz porque eles também já quiseram em várias situações fazer coisas e por razões que vamos tentar aqui conversar melhor não conseguiram fazer. Muitos já abandonaram planos ou não quiseram mais fazer coisas por insegurança, por desmotivação ou porque mudaram de opinião ou por razões relacionadas ao seu transtorno mental que ainda não conseguem até hoje entender muito bem.
E o que isso tem a ver com a resiliência?
Pensamos que tem a ver com a resiliência porque em vários momentos é necessário ter muita força e resiliência para enfrentar os obstáculos e dificuldades da vida.
Um dos grandes obstáculos da vida é proporcionado pelo preconceito e o estigma social que usuário de saúde mental sofre no dia a dia. Por exemplo, quando nós sofremos uma situação de preconceito porque a pessoa nos considera incapazes de fazer alguma coisa ou não valorizam alguma coisa que fizemos (ou não fizemos) dizendo que isso tem a ver com o fato de sermos "loucos". Isso nos deixa loucos da vida, porque muitas vezes essas situações nos afeta emocionalmente, psicologicamente e prejudica nossa capacidade de conviver com as coisas ou de resolver sozinhos nossos problemas.
No cotidiano passamos por diversas situações que também nos colocam desafios. Essas situações muitas vezes podem parecer simples para algumas pessoas, mas elas podem ser extremamente complicadas para outras pessoas. Por exemplo, quando situações corriqueiras como ir ao banco, pegar ônibus, ir trabalhar, ir a festas e conversar se tornam grandes problemas.
Pensamos que existem várias coisas podem ajudar uma pessoa se tornar mais resiliente: por exemplo, fazer terapia, tentar enfrentar os problemas falando sobre eles, se separar de um relacionamento problemático, fazer sexo, dormir, bater papo com amigos, fazer esportes, frequentar oficinas, atividades de convivência e grupos terapêuticos.
Atualmente nosso país está vivendo uma crise política e econômica e acreditamos que é necessário que a população brasileira seja eticamente resiliente. Tanto para viver com as dificuldades pessoais que cada um pode passar como para também não se deixar levar por discursos conservadores que muitas vezes acabamos por defender relacionado a coisas que muitas vezes nem entendemos direito. E como consequência disso legitimarmos atos autoritários e anti-democráticos como a volta da ditadura militar, o preconceito contra pessoas de orientação homossexual e contra forma como cada um forma sua família.